PREFEITURAS MINEIRAS AGONIZAM COM OS CALOTES DO GOVERNO DO ESTADO

Quase todas as prefeituras dos 853 municípios de Minas Gerais estão em situação de calamidade financeira, devido ao atraso de repasses de recursos pelo Governo do Estado. A estimativa da Associação Mineira de Municípios (AMM) é de que 90% das prefeituras do Estado vão fechar o ano no vermelho. De acordo com p presidente da entidade e prefeito de Moema, Julvan Lacerda, prefeitos de 767 das 853 cidades de Minas não vão conseguir arcar com o pagamento e o 13ºsalário dos servidores municipais. Ele declarou que a responsabilidade desse quadro é exclusivamente do governo estadual, que deixou de repassar verbas constitucionais para as administrações.

“É um dinheiro que entra no caixa toda a semana, e o governo do Estado está confiscando. Os municípios não têm como pagar as contas. E com a frustração de arrecadação de receita, que o Estado não está repassando, isso vai incidir no índice de folha. Vai estourar a folha de pagamento, vai ultrapassar o limite constitucional de 54% (da Lei de Responsabilidade Fiscal). Então, é uma situação caótica que os municípios estão enfrentando não por culpa deles, mas do governo do Estado, que está montando nos municípios”, disse Julvan Lacerda. Para agravar o quadro, o governador ainda não cumpriu a promessa de implementar a Lei da Securitização – que foi sancionada em agosto deste ano e garantiria cerca de R$ 1,4 bilhão para os municípios.

Em Barroso, com a falta de regularidade dos repasses, sobretudo do Fundeb, os profissionais da Educação receberam apenas 10 dias do mês de outubro e a situação pode ainda piorar nos dois últimos meses do ano, conforme anunciou o Prefeito Reinaldo Fonseca, em reunião com os servidores do setor na tarde desta terça-feira (30).

Confira, abaixo, alguns municípios da nossa região que, a exemplo de Barroso, já decretaram situação de calamidade financeira, determinando contingenciamento de despesas. A dívida do governo de Minas com Barroso já ultrapassa os R$ 5 milhões:

DORES DE CAMPOS: Com uma dívida de quase R$ 2 milhões do Estado, o Prefeito Marcílio determinou o contingenciamento de despesas e demitiu 50 funcionários contratados e comissionados. Além disso, serviços como transporte intermunicipal de estudantes, transporte de pacientes (exceto oncológicos) e outros serviços sofrem cortes. O pagamento dos servidores em setembro foi parcelado; (Leia mais pelo link: https://goo.gl/fMXda3).

BARBACENA: Com uma dívida do Estado que ultrapassa R$ 64 milhões, a Prefeitura de Barbacena também decretou calamidade financeira e determinou medidas severas, como o não pagamento de fornecedores até 31 de janeiro de 2019 e demitiu 116 funcionários; (Leia mais pelo link: https://goo.gl/7AJAAu).

SÃO JOÃO DEL-REI: A dívida do Governo Estadual com o município chega a quase R$ 20 milhões e obrigou a Prefeitura a decretar estado de calamidade financeira, com racionalização de diversas despesas e priorização dos serviços básicos à população. (Leia mais pelo link: https://goo.gl/AEgfri).

CARANDAÍ: A dívida do Estado com o município é de R$ 7 milhões e o Prefeito Washington Luís também declarou estado de calamidade financeira, estabelecendo diversas medidas de contenção de despesas. (Leia mais pelo link: https://goo.gl/kF7Kmx).

A dívida estimada do Estado com os 18 municípios da AMVER já supera R$ 52 milhões. O descumprimento de repasse de verbas constitucionais por parte do Governo do Estado, principalmente do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), tem obrigado os gestores municipais a parcelar salário dos professores ou a remanejar recursos de outras ações do governo para cumprir a obrigação, o que  o que gera graves problemas para equilibrar as contas municipais.

Essas dificuldades têm pautado um conjunto de ações da AMVER junto às administrações dos municípios filiados, à sociedade e aos órgãos de controle externo, para que essa situação seja revertida, dentre as quais se inclui o manifesto  encaminhado a diversos órgãos de justiça e de controle externo, acompanhado de centenas de assinaturas de servidores municipais e agentes políticos e o ato público realizado no dia 1º de agosto, reivindicando os direitos constitucionais dos municípios.