Homem é preso suspeito do estupro de filhas e enteada em Juiz de Fora

Crime foi descoberto a partir de desabafo de criança para amiga. Delegada reforçou a importância da denúncia para coibir abusos.

Um homem de 58 anos é suspeito de estuprar as filhas de 11 e 4 anos e a enteada de 16 em Juiz de Fora. Ele foi apresentado nesta segunda-feira (4) pela delegada Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Ione Barbosa, responsável pelo caso.

De acordo com a delegada, o homem está no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) desde 25 de maio, quando o mandado de prisão foi cumprido. A situação chegou ao conhecimento da polícia após o desabafo da menina para uma colega, segundo a delegada.

“A situação foi descoberta quando a menina de 11 anos contou sobre o abuso para uma amiga da escola, que contou para a mãe. Esta mãe alertou a mãe da vítima, que foi ameaçada pelo marido. Ela pegou os filhos, saiu de casa e veio denunciar na delegacia”, explicou Ione Barbosa.

O inquérito já foi encaminhado para o Ministério Público. De acordo com a delegada Ione Barbosa, a Promotoria já denunciou o preso pelo estupro de vulnerável em continuidade delitiva da filha mais velha e da enteada e por ameaçar a esposa de morte. Agora, ela irá acrescentar o caso da criança mais nova, que foi descoberto em novo depoimento da menina de 11 anos.

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De acordo com a delegada, a menina de 11 anos tem oito irmãos. Ela é a mais velha dos três filhos que a mãe teve com o homem preso. O relato da menor é de que os abusos começaram quando ela tinha três anos.

“Segundo os autos, ele ia de madrugada ao quarto dela, a levava para a mesa da cozinha, onde os abusos aconteciam. Ela resistia, mas ele a forçava a fazer sexo oral. Ele dava presentes e agia como se ela fosse o mundo dele”, contou a delegada.

Conforme o depoimento da vítima, foram seis anos de abuso. “Quando ela fez nove anos, passou a não querer mais. Então ele começou a rejeitá-la, dizer que ela não era filha dele, desfazia dela e brigava com ela. A menina chegou a se automutilar duas vezes por causa disso”, comentou.

De acordo com a delegada, o homem controlava o que a criança assistia como forma de evitar que ela denunciasse os abusos. “Ele tinha poder absoluto sobre ela. Era o pai. Na cabeça da menina, era uma situação normal. Ele não a deixava ver TV ou ler notícias para ela não perceber o que estava acontecendo e contar para alguém”, disse Ione Barbosa.

No entanto, neste ano, a menina contou toda a situação para a amiga na escola. Isso fez com que a mãe soubesse dos abusos. “A mulher foi tirar satisfação com o marido com quem vivia há 13 anos. Ele a ameaçou de morte se ela denunciasse”, narrou a delegada.

A mulher pegou os filhos e saiu de casa. Abrigada em lugar seguro, procurou a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher para denunciar e os outros abusos foram descobertos. “Após ouvirmos o depoimento da vítima, a adolescente de 16 anos também veio à Delegacia e contou que foi abusada pelo padrasto duas vezes quando tinha 12 anos”, destacou Ione Barbosa.

Em oitiva, o homem não confirmou nem negou os crimes. “Ao ser chamado para depor, ele foi extremamente arrogante. Disse que que não falaria nada, só falaria em juízo e que tinha dois advogados”, descreveu.

Após os depoimentos, a delegada encaminhou o pedido de prisão, que foi corroborado pelo Ministério Público e acatado pela Justiça. O mandado foi cumprido no dia 25 de maio.

Depois da prisão, a menina de 11 anos contou que percebeu que a irmã de 4 anos também era abusada. “Ela disse que ele agia com a irmã mais nova da mesma forma que fez com ela. Só ele cuidava da menina e que a criança também foi abusada. Vamos incluir esta nova oitiva no inquérito e remetê-lo ao MP e à Justiça”, explicou.

O Conselho Tutelar foi comunicado do caso e a família será encaminhada para acompanhamento na rede que atende às vítimas de violência doméstica.

Importância da denúncia

Citando um caso também registrado neste ano, do motorista de van escolar preso por suspeita de estupro de uma adolescente, a delegada destacou a importância da denúncia para apuração desses casos.

“Assim como no caso do motorista da van, só foi descoberto porque alguém soube e deu o alerta. Isso pode estar ocorrendo em muitos lugares. Quem perceber precisa procurar as autoridades. Se a menina não desabafa com a amiga, ela iria crescer com isso e a irmã mais nova também seria abusada”, disse

A delegada destacou ainda que as pessoas temem a repercussão da denúncia. “Quem denuncia não tem a identidade exposta. Muita gente suspeita e não fala por medo. As pessoas não podem ser covardes e não falar por medo de quem deveria acolher, proteger e comete uma barbaridade dessas contra as crianças.”

As denúncias podem ser feitas via telefones da Polícia Militar (PM), 190, ou Disque-Denúncia Unificado, 181, ou então comparecendo na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher que funciona na Casa da Mulher, na Rua Uruguaiana, 94, no Bairro Jardim Glória, de 8h30 às 18h.

Fonte: G1