Mais de 35 mil estudantes iniciaram um curso de engenharia aqui em Minas Gerais, no ano passado. Mas cerca de 12 mil que já estavam estudando, decidiram trancar o curso. As informações são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o INEP.
O especialista em economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Cláudio de Moura Castro acredita que a qualidade dos engenheiros formados no Brasil tem deixado a desejar. E defende que o problema é a falta de aulas práticas.
“O que nós temos não é um currículo obsoleto, é uma aula obsoleta. Uma sala de aula que se resume em ouvir o professor discursando sobre algum assunto, e a prática é olhar fotografia de alguma máquina no livro.”
O especialista explica que, por esse motivo, nem sempre o estudante se interessa pelas aulas. Cláudio de Moura Castro afirma que é necessário repensar o formato de com as aulas são conduzidas, ao invés de mudar a base curricular.
O grande número de desistências do curso não é só registrado em Minas Gerais. De acordo com o estudo “Ensino de Engenharia: Fortalecimento e Modernização” da Confederação Nacional da Indústria, a CNI, a baixa qualidade do ensino fundamental e médio no Brasil causa impacto no desempenho dos estudantes que cursam ensino superior em todo o país.
A diretora de inovação da CNI e superintendente nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Gianna Sagazio, explica que o mundo tem mudado de forma muito acelerada, e por isso, é importante preparar bem futuros engenheiros para que eles acompanhem o ritmo da indústria.
“Se não tivermos engenheiros e engenheiras preparados para os impactos dessa revolução digital, não conseguiremos ser competitivos e nem gerar qualidade de vida para a nossa população.”
O estudo da CNI, que faz parte de uma série de propostas que foram entregues aos presidenciáveis, neste ano, mostra que o Brasil forma menos engenheiros do que realmente precisa para se desenvolver economicamente.
Por isso, o estudo sugere que ocorra uma modernização nos currículos do curso e estimula o ensino técnico para que os estudantes já entrem na faculdade com conhecimento de base.
Enquanto Coreia, Rússia, Finlândia e Áustria registram números de 20 engenheiros para cada 10 mil pessoas, o Brasil conta com cerca de cinco graduados para o mesmo número de pessoas.