A corrupção, um mau natural

Infelizmente, a falta de comportamentos morais, éticos, intelectuais e objetivos, que permeiam a sociedade contemporânea e que são relativas a todas as áreas políticas, econômicas e sociais nos levam a um conflito de pressupostos entendimentos do que é concreto ou abstrato, certo ou errado, e do que é realidade ou ilusório e irreal. Se pararmos para fazer uma breve reflexão, chegaremos a um incômodo fato indiscutível, de que somos um dos  responsáveis por este País se encontrar desta forma deprimente. A democracia nos dá o direito pleno de escolhermos por voto os políticos que irão exercer a função de cuidar de nossos interesses e na maioria das vezes estes mesmos são os corruptos que estão nos deixando a deriva em um mar de resseções, crises e desempregos. As preferências dos cidadãos, que se materializam no voto, não expressam a real necessidade de nossa sociedade, o político escolhido e eleito pelo povo hoje, amanhã já será duramente criticado, isso afasta o sistema político dos eleitores, causando uma crise de representatividade onde a população que escolheu seus representantes não veem seus anseios solucionados.

 

Segundo Mário Sérgio Cortella, filósofo brasileiro, o conceito de Corrupção é a capacidade de degradar, de fazer apodrecer aquilo que deveria ser decente. A corrupção é possível, mas, não é obrigatória, é algo que está no nosso dia a dia, mas, que não nos coloca necessariamente a o cometêr. Ele nos remete ao pensamento de que a corrupção não é algo imposto, e sim, uma escolha, as pessoas escolhem praticar um ato de corrupção para obter alguma vantagem, desta forma, a corrupção não é um problema institucional ou eminentemente político, a corrupção é um problema cultural, uma cultura em que se escolhe ser corrupto.

 

No entanto, na cultura brasileira, sábia é aquela pessoa que consegue obter vantagens onde aparentemente não há, ou, aquele que encontra soluções que pareciam impossíveis. Para alguns, estas habilidades derivam da criatividade do brasileiro, sendo que esta evoluiu com o passar dos anos como saída para as pessoas enfrentarem as dificuldades sociais que nosso país possui, como a desigualdade social e isto para muitos se torna uma questão de sobrevivência. Este pensamento é sim verdadeiro e louvável, contudo, uma parcela desta criatividade busca a vantagem “a todo custo”, por menor que seja ela, sábio é aquele que consegue alcançar a vantagem, mesmo que para isso se infrinja um princípio, uma lei, uma norma, algo que se entende como moral, ou seja, quando a “criatividade” é utilizada para burlar o caminho que deveria ser seguido, esta se torna um desvio ético. Tais fatos afetam a implementação de políticas públicas capazes de suprir as necessidades básicas da população, como: saúde, educação, saneamento básico, segurança.

 

Portanto, cabe aos estudiosos de nosso tempo buscar soluções para combater a “cultura da corrupção”, soluções a curto, médio e longo prazo, que façam com que a mesma não prejudique ainda mais o sistema político e assim elimine este mau cultural que aflige toda a sociedade, evitando atingir milhões de pessoas que dependem da boa administração pública para terem uma vida digna. A resolução do problema não é feita somente a curto prazo, precisamos formar uma geração que repudie os atos de corrupção desde as menores práticas, como, furar uma fila ou comprar um produto falsificado, até as maiores, como, desviar verbas públicas e superfaturar obras. Assim teríamos uma geração consciente que estaria em constante vigília contra atos de corrupção e que passaria a os repudiar. O único caminho para formar essa geração é a educação, parafraseando o pensador brasileiro Paulo Freire, a educação transforma pessoas, estas pessoas transformadas possuem o poder de mudar o mundo.

 

Enfim, para conseguirmos mudar alguma coisa em nosso País, Estado, Cidade ou Comunidade, devemos arregaçar as mangas e ir a luta. Estamos passando por um grande exemplo de uma classe trabalhadora de caminhoneiros que tem a força de fazer o País se manter em atividades ou parar de vez. Sem se acovardar, estão mostrando para todos que a força de trabalho digna é a única que realmente move o País. Aplausos a estes guerreiros incansáveis que ajudam a construir nosso País, diferentemente daqueles que o destrói através da corrupção e procedimentos antiéticos.

 

Att: Sérgio Pedro da Silva.

Bacharel em Serviço Social.